Agora existe o dia do Produtor Cultural! Sim, pelo menos no município de Niterói, foi instituído pela lei n° 2479 de 19 de outubro de 2007, no calendário oficial, o "Dia Municipal do Produtor Cultural". O mesmo será comemorado anualmente no dia 03 de maio.
E a pergunta é: Por que o dia 03 de maio?
Resposta: "No dia 03 de maio de 1995 o Conselho Universitário da Universidade Federal Fluminense aprovava a instalação do primeiro curso de graduação em Produção Cultural de todo o continente americano."
Então, conclui-se que a primeira graduação em Produção cultural justifica a escolha do “primeiro” dia do Produtor Cultural...
Depois de ler essa notícia e a própria lei, achei interessante postar aqui um dos assuntos "prometidos" de ser apresentado nesse espaço: a Regulamentação da profissão de produtor cultural.
É curioso observar como a polêmica aumenta, quando se coloca a graduação como critério, nesse debate. Muitas vezes, a graduação se confunde com o próprio debate.
Então, a questão não é mais a levantada no post anterior, “o que é um produtor cultural?” e, sim, se “precisa de faculdade para isso?”. Pergunta essa muito comum não somente por pessoas de fora da área, mas é principalmente levantada por muitos profissionais experientes e atuantes desse próprio mercado.
Lembro-me que, num seminário na Fundação Casa de Rui Barbosa, no ano passado, após uma das palestrantes apresentar seu trabalho de pesquisa da atividade da produção cultural, um produtor presente, no momento em que fazia sua pergunta, indignado ressaltou: “e tem gente falando em regulamentação por aí, que produtor cultural vai ter que ser formado”. Muitas pessoas presentes tiveram o mesmo posicionamento dele.
Se você entrar na comunidade do orkut de lei de Rouanet mais visitada – que, inclusive, recomendo - a maioria das pessoas que respondem às perguntas também são produtores experientes. Mas, diferentemente da postura acima descrita, a enquete passada da comunidade é justamente sobre esse debate da Regulamentação da profissão, em se ter um DRT de produtor cultural. A questão é que nada é falado em graduação. Pelo contrário, um dos tópicos na comunidade era exatamente chamando a atenção para a “falta de graduação” qualificada na área.
Já a visão dentro do ambiente acadêmico é bem distinta. Em conversas com amigos e professores da área, quando se fala em Regulamentação da profissão é quase que entendido como sinônimo a graduação em produção cultural. Obviamente, que não são todos que compartilham dessa opinião, mas muitos sim.
A aula magna ministrada, em maio do ano passado, pelo Ministro da Cultura Gilberto Gil ilustra bem esse contexto. O tema era: “Regulamentação da Profissão de Produtor Cultural e o papel da Universidade Pública na formação desse profissional”. Posso afirmar que depois do ministro ter ressaltado a importância da cultura com o processo da globalização, assim como, a própria participação da cultura no âmbito econômico, o eixo central das discussões e perguntas foram sobre o reconhecimento do produtor cultural em editais públicos, alias, o reconhecimento da graduação de Produção Cultural.
Nesse panorama, é válido ressaltar o “boom” de associações nessa área: ABEART, ABPC, ABCR, ABRAPE, a salada de termos que se misturam, principalmente conforme o local – dentro ou fora de uma universidade, dentro ou fora do mercado – tais como: produtor cultural, agente cultural, produtor executivo, captador, gestor cultural...
Sinceramente, o que mais tem me chocado não são os diferentes posicionamentos. Mas a falta de encontro, de diálogo para debate dos mesmos. Ausência de articulação entre as instituições e associações interessadas na questão. Um verdadeiro isolamento dos “atores” envolvidos. Conseqüentemente, uma ignorância, falta de conhecimento pelas partes e, mais agravante, o claro enfraquecimento da discussão.
Conforme o próprio ministro elucidou no evento descrito acima, “É normal que haja essa mistura entre os formalizados e não-formalizados, mas esta é uma questão que deve ser avaliada em debate nacional, assim como ocorreu em outros setores”. A questão pra mim é clara: Quando haverá essa mistura?
10 comentários:
Vejo com reservas essa idéia de "Dia disso, Dia daquilo". Ainda mais, qdo é o caso do produtor cultural, sendo que Niterói tem uma ligação tão íntima com a UFF. E sendo uma boa parte da comunidade acadêmica reside na cidade e estamos em ano pré-eleitoral...
Enfim, fora o fato da criação desses "Dia disso, Dia daquilo" pelo poder público serem discutíveis, a questão da "mistura" pode ser vista em outras profissões que passaram, ou passam pela discussão da necessidade ou não da regulamentação/graduação. Essa resistência dos profissionais atuantes aos recém-graduados aconteceu com Educação Física, Fisioterapia, entre outros. E recentemente fala-se também da desobrigação da formação do jornalista. Mas acredito que esse assunto está longe de chegar a algum lugar ainda.
Tenho q concordar com Gabriel que isso de invenção de dia de alguma coisa realmente queira significar uma verdadeira reflexão sobre o tema... mas acho q sempre podemos jogar o jogo do contente e ver o lado positivo da história, nós agora pelo menos temos mais um motivo p nos reunir. E se no final td virar pizza pelo menos um pedaço é nosso.
Quanto a essa questão da universidade, defendo a posição de que a academia é um local p a reflexão, um local para gerar um conhecimento q gere modificações na realidade, e um conhecimento q encurte caminhos. Acredito que a nossa graduação em produção cultural tenha antes do papel de formar produtores culturais (ou quaisquer outras denominaçoes para o mesmo sujeito.. lembrando q ficou faltando ainda técnico cultural), o de formar pensadores sobre a produção cultural ou economia da cultura. E nesse ponto acho fundamental o diálogo com quem está no mercado, acho também q o início da conversa deveria mesmo partir de quem é formado...
Já quanto à questão de se é necessária realmente ou não a graduação em produção cultural para exercer a profissão, eu diria que não - por mais q eu curse produção cultural. Mas já em relação a regulamentação do profissional, acho que a graduação é um critério básico para "definir" se alguém é produtor cultural ou não... lógico q existem outras maneiras de se pensar sobre isso como experiencia profissional e outros cursos.
Bom, várias idéias foram jogadas aqui... tudo que pensei sobre o tema do artigo sem nenhum planejamento. Gostei muito do texto, Maguize. Já te falei q vc é foda? Beijoo, Assis (Rébows).
Nossa, mto bom saber dessa noticia... E em maio, adorei! To adorando os questionamentos q vc tem levantado! Avisa qdo atualizar! bju
lidi
Oi achei seu blog pelo Google por acaso e achei muito bom!
acabei de receber a noticia q passei pra produção cultural (depois de ter largado nutrição na uerj) e me vi praticamente na descrição do seu outro post.. meus pais falando que eu vou morrer de fome, pessoas a toda hora perguntando 'o q isso faz?' e até 'isso é faculdade de vagabundo'.
queria saber como é a faculdade em si.. como são as aulas.. essas coisas que todo calouro quer saber. teria como vc contar um pouquinho? rs
Parabéns pelo Blog!
Boa Noite
Me chamo Flavio Veloso, sou fotógrafo profissional e daqui do Rio tb.
Estou com um bom material fotográfico em mãos, umas idéias na cabeça e consegui um dos melhores espaços para exposições do Rio.
Queria fazer contato com alguem que conseguisse pegar esse material, essa idéia e esse espaço e "fizesse acontecer".
Não entendo choncas de Lei Rouanet, isenção fiscal e outros detalhes que para um produtor cultural deve ser tranquilo.
Pode ou conhece alguem que possa me ajudar?
Tentei enviar esse menssagem por email mas não achei disponibilizado.
obrigado
Flavio Veloso
www.flavioveloso.com.br
http://ideaisproducoes.blogspot.com/
Estamos divulgando o nosso blog.
Acho que a classe deveria ser mais unida. E deviamos conversar mais sobre a formação do produtor cultural. ele está em todos os lugares.
Finalmente a regulamentação do Produtor Cultural se deu pela Resolução Normativa CFA 374 alínea "r" do Conselho Federal de Administração que cria o registro profissional do Produtor Cultural.
Mari, só agora em 2011 posso te dar os parabéns pelo belíssimo texto e pela data, claro!
Parabéns Produtora Cultural!
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